Fellini, do Realismo ao Sonho: Uma jornada pela transição de Federico Fellini, de “A Estrada da Vida” a “8 e Meio”

Federico Fellini foi um dos maiores diretores de cinema da Itália, um verdadeiro gênio que mudou completamente seu jeito de fazer filmes ao longo da carreira. Ele começou mostrando a vida como ela era, com toda a sua dureza, e depois passou a fazer filmes que pareciam sonhos, cheios de imaginação e memória. A melhor forma de entender essa incrível transformação é olhar para dois de seus filmes mais famosos: “A Estrada da Vida” (1954) e “8 e Meio” (1963).

No começo de sua carreira, Fellini fez “A Estrada da Vida”. Naquela época a moda no cinema italiano era um estilo chamado Neorrealismo, que focava em mostrar a vida difícil dos pobres depois da guerra. E o filme parece seguir essa regra: ele conta a história de Zampano, um artista de rua brutamontes, e Gelsomina, uma moça ingênua, enquanto eles viajam por uma Itália pobre.

Mas Fellini já fazia algo diferente: Em vez de focar só na miséria, ele transformou a história em uma espécie de poema triste, quase um conto de fadas, se importando mais com os sentimentos e a alma dos personagens. Ele já estava começando a misturar a realidade com um toque de magia.

Anos depois, essa mistura explodiu em sua obra-prima, “8 e Meio”. Se “A Estrada da Vida” ainda tinha os pés na realidade, “8 e Meio” mergulha de cabeça no mundo dos sonhos. O filme é sobre um diretor de cinema famoso, chamado Guido, que está em crise porque não consegue ter ideias para seu novo filme. Esse personagem, na verdade, é o próprio Fellini se retratando na tela.

A história é toda misturada, pulando da realidade para as memórias de infância e para as fantasias de Guido, do mesmo jeito que nossos pensamentos pulam de uma coisa para outra. O cenário principal não é mais a Itália, mas a confusão dentro da cabeça do artista.

A jornada de um filme para o outro mostra a libertação de Fellini como artista. Ele percebeu que não precisava mais mostrar apenas o mundo de fora, mas ele podia explorar o fascinante mundo de dentro de nós mesmos. O final dos dois filmes mostra bem essa diferença. Em “A Estrada da Vida”, a grande emoção é uma cena real e muito triste, com Zampano chorando sozinho na praia. Já em “8 e Meio”, o final é uma grande festa que parece um sonho, onde o diretor Guido aceita toda a sua confusão interna e celebra a vida.

Com essa mudança, Fellini não só se tornou um mestre, como também ensinou ao mundo que os filmes poderiam fazer algo novo. Eles poderiam sair das estradas poeirentas da vida real para entrar no grande e maravilhoso circo que existe dentro da nossa mente.

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